6.6.17

O problema é seres tu.

O problema, o problema é que as pessoas te vêem como uma barreira. Como uma parede que não há nada que possam fazer para cair. Quase como porto seguro, do género "quando der merda pelo menos ali estamos a salvo". É esse o problema. Acharem que és intocável. Que não precisas de nada. Que está sempre tudo bem. Só porque quando algo te chateia, mandas tudo ao ar e passado cinco minutos estás de sorriso no rosto, porque tudo o resto é perda de tempo.
O problema, bom.. O problema é as pessoas abusarem de ti. Abusarem do que tens para lhes dar. Porque ser boa pessoa é lixado. Habituam-se a ter-te a ali, a saberem que tu não sabes deixar os outros mal, que não sabes não olhar para trás. Que passaste tanto tempo sem saber o que fazer que não sabes deixar ninguém na mesma situação. Em tempos, costumavam dizer-te "Tu não podes salvar o mundo." E não podes.
O problema, um dos maiores, é seres demasiado tu. Estares demasiado focada em seres quem realmente és, em seres o mais sincera possível. E sabes porquê? Porque a maior parte do mundo está demasiado ocupada a tentar ser qualquer outra coisa. Uma que agrade. Qualquer uma que quisessem ser mas não são. Mas tu não, não sabes ser assim não é? Aprendeste demasiado cedo que não há nada melhor que saberes ser tu. Mas tenho que te dizer, vai trazer-te muitas alegrias... mas tantos mais dissabores princesa. E se te posso dar um conselho, continua assim. Nada dói mais do que acordar no lado errado da cama e sem saber como foste lá parar.
E sabes, o mal é esse. É que não é fácil conhecer-te. Não é fácil deixares ver que dás o mundo a quem gostas. Que não gostas. Nunca te sabes deixar gostar. Mas quando o fazes é porque é especial. E, com muita pena minha, tenho que te dizer: não há muita gente preparada para isso, não agora. Não é fácil reconhecer que tu também és alguém, menos pedra, não tanto gelo e mais coração.

7.7.16

um dia, fazem-se as malas.

Um dia a malta cansa-se. E eu que até sou bastante persistente. E eu que luto tanto pelo que quero. E eu que não desisto à primeira, nem à segunda e por muita burrice, nem mesmo à terceira. E eu que da terça-feira faço sábado, e da madrugada dia. Até eu, sabes, até eu me canso. Um dia a malta cansa-se de enviar mensagens que nunca têm resposta. De inventar todas as possibilidades e mais alguma para que resulte. Um dia, a malta cansa-se de ver o pôr-do-sol sozinho. De esperar por uma companhia que não quer vir, que há muito que faz planos que não te incluem. Um dia a malta cansa-se de pensar no que te faria feliz naquele momento, porque podia fazer das tripas coração que tu nem davas por isso. Um dia, a malta faz as malas e vai-se embora - tive a sorte de sempre me ensinarem que não se fica onde não se é bem vindo. Um dia, a malta cansa-se, de querer sozinho, de gostar sozinho, de sentir falta sozinho. Não fiques onde não és preciso. Não demores onde não te querem. Um dia, a malta diz adeus.

4.7.16

nem oito, nem oitenta, mas por favor, não quarenta.

Como é que dizes a alguém que não te quer que não sabes como não querer? Como é que lhe dizes que vais esperar e não sabes como não contar todos os segundos que faltam, mesmo quando não sabes ao certo quanto tempo falta? Como é que te preparas para apagar tudo aquilo que fizeste questão de ir deixando entrar? Como lhe explicas que demoraste mas que finalmente lá chegaste? mas já não está lá ninguém à tua espera, sabes que mais? o comboio já partiu, e anda em sentido contrário ao teu, tu queres mais, mas já não há lá nada para ti. E eu sei que dói, mas não queiras meios amores, não queiras metade da atenção, se queres muito, pelo menos quer por inteiro, quer que te queiram com tudo, ou no mínimo, tanto quanto tu. O barco tem dois remos, mas têm que se mover ao mesmo tempo ou então não sais do lugar, por isso, pega nos dois remos e começa a remar, mas para o teu lado. Amores sozinhos não valem a pena, têm prazo de validade, e mais curto do que tu pensas. Não te vou mentir, dói mudar de direcção, mas dói tão mais acordar no lado errado da cama.
Tenho que te dizer que ele não gosta de ti, ou então não sabe gostar. Devias ter-lhe ensinado que as coisas não se dizem da boca para fora, do outro lado está uma pessoa que tem sonhos, que tem planos, que tem um coração à espera de ser amado da forma certa. Mais uma vez, tenho que te dizer que não vale a pena, por isso princesa, tu sabes como se faz, já não é a primeira vez, levanta a cabeça, sorriso no rosto, e amanhã a festa é outra.

22.12.15

o lado errado

Vou dizer-te uma coisa, nós sabemos. Sabemos quando não fazemos falta. Quando não somos as únicas, e até sabemos quando acordas com a sensação de acordar no lado certo da cama mas com a pessoa errada no lado oposto. Sabemos quando não é amor, nem tem paixão e é simplesmente vazio. Sim, é verdade, até isso nós sabemos. Sabemos que quando nos despes só vês carne, não reparas nas feridas, nas vitórias, em toda a luta que nos deu sermos tudo o que somos. Sabemos que somos todas diferentes mas que, para ti nada nos distingue porque não sabes nada sobre nós. Sabemos que é temporário, todas temos um prazo de validade, porque a verdade é que tu adoras conhecer pessoas, mas nunca ficam tempo suficiente para que possas saber algo sobre elas. Sabemos que não olhas para nós quando acordas a meio da noite para nos ver a dormir, e que não nos vais dar um beijo de boa noite, e ainda assim, escolhemos dormir ao teu lado, mas sem ti. Ninguém dorme contigo. Ninguém tem permissão para entrar no teu mundo, não podemos fazer-lhe memórias, ou momentos felizes, não te deixas sentir. Nós sabemos de tudo, sabemos que somos erradas, só há vezes em que não o queremos aceitar. 

17.11.15

(4)

"Eu tenho um grande defeito, ou não. Raramente gosto, mas quando gosto é a sério...e eu gosto mesmo de ti" 

Sabes porque lhe chamo defeito? simples, é por gajos como tu, porque sabe-se lá porquê alguém decidiu inventar criaturazinhas como tu, adoráveis e os maiores filhos da mãe de sempre. Devia ter um alarme interno capaz de fazer um bip bip tão irritante que, quando me aproximasse de gajos como tu, me fizesse recuar quase que instantaneamente, tipo perigo de morte. Mas não, eu preciso mesmo de ir contra a porta, mas uma vez não, no mínimo umas três ou não aprendo. E às vezes não chega bater, é que aquilo que não és já está tão entranhado em mim, que é preciso mesmo esfregarem-mo na cara, a ver se passa cá para dentro. E mesmo assim seu merdas, com um sorriso ou outro ainda me arrancas umas coisas. A minha sorte é, lá no fundo, ser tão boa pessoa, porque merecias que te magoasse tanto quanto o fizeste comigo. Mas não, a indiferença vai saber-me muito melhor, juntamente com ela sai um esquecimento para a mesa do canto, e obrigado por teres existido na minha vida, sempre dás para as estatísticas. E para lembrete, tipo "o que não voltar a fazer por muito que o gajo seja giro". Fim da história, podia ser pior.